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Plantas comestíveis não convencionais

 
Letícia Lima
Por Letícia Lima. 28 outubro 2021
Plantas comestíveis não convencionais

Cenoura, alface, tomate, abobrinha... Estamos acostumados a tê-los nos nossos pratos, mas e quanto às plantas comestíveis não convencionais? De acordo com pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as plantas alimentícias não convencionais "[...] se referem a partes de plantas – como folhas, frutos, flores, rizomas e sementes que podem ser consumidas pelo ser humano, mas que, por diversos motivos, têm seu potencial alimentício e nutricional negligenciado"[1]. Em busca de novos sabores e conscientes do enorme potencial nutritivo dessas plantas, cada vez mais pessoas têm se interessado pelas plantas alimentícias não convencionais no Brasil. Confira no umCOMO mais informações sobre plantas comestíveis não convencionais.

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Plantas alimentícias não convencionais

As plantas alimentícias não convencionais são aquelas próprias para consumo humano, mas, por alguma razão, não são consumidas habitualmente. De acordo com a nutricionista Neide Rigo em depoimento para a revista Elástica[2], as PANCS (acrônimo pelo qual são conhecidas):

  • Existem desde sempre, apesar de não estarem nas gôndolas dos supermercados;
  • Não são exclusivas de um país, porque cada região do mundo tem suas próprias PANCS;
  • Possuem enorme variedade, pois há 12 mil espécies catalogadas e uma estimativa que a quantidade PANCS seja por volta de 30 mil espécies;
  • São baratas ou mesmo gratuitas, se você souber reconhecê-las na natureza, e possuem enorme potencial nutritivo.

Plantas alimentícias não convencionais no Brasil

Quais são as plantas alimentícias não convencionais no Brasil? Nosso país é riquíssimo em plantas comestíveis não convencionais. Confira algumas a seguir:

  • Acelga-chinesa (Brassica rapa subsp. chinensis): com características semelhantes à acelga tradicional, a acelga-chinesa é apreciada refogada ou crua em saladas.
  • Almeirão-roxo (Lactuca indica): de fácil cultivo, o almeirão-roxo pode ser preparado da mesma maneira que a couve. É rico em antioxidantes, ou seja, combate o envelhecimento precoce.
  • Azedinha (Rumex acetosella): suas folhas são ácidas (de onde vem o nome) e ricas em ferro. Pode ser usada em saladas e no preparo de sucos.
  • Banana verde (Musa x paradisiaca): pode ser consumida no lugar da batata. O "umbigo" o "coração" da bananeira pode ser usado no recheio de diversos pratos, como pastéis, tortas, empadas, etc.
  • Beldroegão (Talinum paniculatum): conhecida popularmente como língua-de-vaca ou maria-gorda, essa hortaliça vai bem de todo jeito, seja refogada, cozida ou crua em saladas.
  • Bertalha (Basella alba): de fácil cultivo, a bertalha é consumida principalmente em saladas ou refogada;
  • Bertalha-coração (Anredera cordifolia): de sabor suave, é ideal para saladas.
  • Cambuquira (Brotos de curcubitáceas): ótimo para sopas. Confira uma receita de sopa caipira de milho verde com cambuquira.
  • Capeba (Piper umbellatum): de sabor picante, pode ser consumida refogada ou em sopas.
  • Capiçoba (Erechtites valerianifolius): com paladar semelhante ao da rúcula, a capiçoba vai bem em saladas.
  • Capuchinha (Tropaeolum majus): suas flores, folhas e sementes são comestíveis! De sabor picante e cultivo simples, vai encantar as crianças.
  • Cará-moela (Dioscorea bulbifera): pode ser usado no lugar da batata para a preparação de chips e purês.
  • Caruru (Amaranthus spp.): rico em diversas vitaminas e minerais, as sementes do caruru podem ser secas e consumidas como granola, por exemplo.
  • Castanha-do-maranhão (Pachira glabra): rica em gorduras, é consumida cozida ou assada.
  • Caxi (Lagenaria siceraria): tem sabor suave e pode ser consumido cozido, como a abóbora.
  • Celósia (Celosia argentea): sua forma de preparo deve ser como a do espinafre. É rica em ferro e potássio.
  • Centella (Centella asiatica): ideal para colocar no suco verde.
  • Chaya (Cnidoscolus aconitifolius): assim como a celósia, deve ser preparada como o espinafre. É muito nutritiva.
  • Clitória (Clitoria ternatea): suas flores de cor azul podem ser utilizadas para conferir essa cor a outras preparações.
  • Couvinha (Porophyllum ruderale): as folhas são usadas como tempero, como a cebolinha, por exemplo.
  • Espinafre-de-okinawa (Gynura bicolor): consumido refogado ou em sopas, tem coloração arroxeada.
  • Erva-luisa (Aloysia citrodora): seu delicioso aroma cítrico é excelente para o preparo de chás.
  • Feijão guandu (Cajanus cajan): é preciso fervê-lo duas vezes e descartar a água da primeira fervura. Vai bem com cominho.
  • Folha de batata-doce (Ipomoea batatas): as folhas da batata doce podem ser usadas em preparações culinárias substituindo a couve ou o espinafre.
  • Goya (Momordica charantia): pepino de aparência rugosa e sabor intenso.
  • Grumixama (Eugenia brasiliensis): é a cereja brasileira, sendo muito doce e podendo ser usada na produção de polpas de frutas exóticas.
  • Guasca (Galinsoga parviflora, G. quadriradiata): é usada como tempero, mas fique atento, pois ela só libera seu sabor em temperaturas elevadas.
  • Jaca verde (Artocarpus heterophyllus): a polpa pode ser usada para fazer carne de jaca, substituindo o frango em recheios de coxinha, empadão, etc.
  • Lírio-amarelo (Hemerocallys spp.): suas flores são comestíveis e podem ser usadas para dar cor à outras preparações.
  • Lírio-do-brejo (Hedychium coronarium): seu rizoma é aromático e pode ser usado como o gengibre.
  • Macassá (Aeollanthus suaveolens): pode ser utilizada, desde que inteira, para aromatizar preparações, substituindo a baunilha.
  • Melão-andino (Solanum muricatum): pode ser consumido in natura ou em sucos. Tem sabor suave.
  • Mitsubá (Cryptotaenia japonica): ótimo para sucos verdes e para acompanhar ensopados asiáticos, como o lámen japonês.
  • Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata, P. bleo, P. grandiflora): talvez uma das mais conhecidas das PANCs, a ora-pro-nóbis possui diversas aplicações na culinária e é muito proteica. Veja como plantar ora-pro-nóbis em vaso.
  • Palma (Nopalea cochonillifera): esse cacto comestível vai muito bem no suco verde, sendo necessário remover os espinhos com o auxílio do fogo antes de prepará-lo.
  • Peixinho (Stachys byzantina): também bastante popular, o "peixinho da horta" é consumido empanado e frito.
  • Picão (Bidens alba, B. pilosa.): esta planta é rica em funções medicinais. Confira nosso artigo sobre quais são as propriedades do picão.
  • Serralha (Sonchus oleraceus): tem excelente ação antiinflamatória e faz bem para o fígado.
  • Shissô (Perilla frutescens): suas folhas roxas e aromáticas fazem lembrar do manjericão, e também é um tempero usado no preparo do lámen.
  • Taioba (Xanthosoma taioba): outra PANC mais comum, a taioba é uma folha gigante que deve ser sempre consumida cozida.
  • Tamarillo (Solanum betaceum): de sabor cítrico, deve ser comido de colher para evitar a casca.
  • Tupinambo (Helianthus tuberosus): as batatas tupinambo são disputadas por chefs de cozinha. Aproveite-as na sua horta!
  • Urtiga (Urtica dioica): apesar da sua má fama, a urtiga é comestível e riquíssima em ferro. É possível, inclusive, preparar um risoto de urtiga.
  • Vinagreira (Hibiscus sabdariffa, H. acetosella): esta planta produz um chá diurético de linda coloração avermelhada.

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Referências
  1. UFSC Ciência. Cientificamente Falando: Plantas Alimentícias Não Convencionais. Disponível em: <https://ciencia.ufsc.br/2019/12/27/cientificamente-falando-plantas-alimenticias-nao-convencionais/>. Publicado em 27 de dezembro de 2019. Acesso em 27 de outubro de 2021.
  2. MAKHLOUF, Alexandre. Movimento PANC. Elástica. Disponível em: <https://elastica.abril.com.br/especiais/pancs-plantas-nao-convencionais-neide-rigo/>. Publicado em 5 de novembro de 2020. Acesso em 27 de outubro de 2021.
Bibliografia
  • NASCIMENTO, Vinicius; GONÇALVES, Juliana Rodrigues. Guia prático sobre PANCs: plantas alimentícias não convencionais. 1.ª ed. São Paulo: Instituto Kairós, 2017.
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